
Este ano, pela primeira vez, tive a oportunidade de participar dos dois eventos que movimentam Austin, nos EUA, e ditam tendências para o futuro: o SXSW EDU e o SXSW Conference. Em um mundo onde conectar os pontos é mais relevante do que apenas consumir informação, alguns temas me impactaram e, sem dúvida, moldarão os mercados nos próximos anos.
Um conceito que permeou diversas discussões na Conference foi a personalização. Em tempos de inteligência artificial (IA) e excesso de conteúdo, a curadoria se torna protagonista. A capacidade de filtrar e entregar o que realmente importa para cada usuário é hoje um diferencial competitivo em setores como comércio eletrônico, entretenimento e educação.
Autor e professor de administração da NYU, Scott Galloway destacou em sua palestra que a IA não apenas ampliará nossas escolhas, mas atuará como um especialista, reduzindo a complexidade e tornando as decisões mais precisas. Ele citou exemplos que já demonstram esse movimento:
- TikTok: A plataforma “sabe” o que queremos consumir antes mesmo de percebermos, eliminando a necessidade de escolhas manuais.
- Lululemon: Especialistas em moda selecionam três opções de leggings para o cliente, reduzindo a sobrecarga decisória.
- Compra de carros: No futuro, a IA não apenas sugerirá modelos, mas fará recomendações precisas com base em nosso histórico de consumo, padrões de direção e condição financeira.
No ramo do entretenimento, essa revolução já está em curso. No painel sobre k-content e o futuro do setor, discutiu-se como a IA está transformando a interação com personagens e permitindo experiências mais imersivas. Não se trata apenas de assistir, mas de participar ativamente da narrativa.
Entretanto, senti falta de debates mais profundos sobre o impacto da IA na personalização do ensino. Apesar do tema ter sido mencionado, carecemos de exemplos concretos de como essas tecnologias podem revolucionar a educação. Isso nos leva a uma questão essencial: como o setor educacional pode se inspirar em outras indústrias para oferecer experiências de aprendizagem mais personalizadas e eficazes?
O futuro da educação e do trabalho
Outra discussão fundamental nos dois eventos foi sobre as habilidades essenciais para um mundo moldado pela IA. Duas palestras ilustram bem essa tendência:
- Tiny Experiments, de Anne-Laure Le Cunff: Em um mundo de constantes mudanças, a curiosidade se torna mais importante que a certeza. Le Cunff defendeu que um sistema educacional focado na memorização deve dar lugar a um modelo que estimule o pensamento crítico e a experimentação contínua.
- Know-it-Alls vs. Learn-it-Alls, de Mike Bechtel: Com a IA processando dados mais rápido do que qualquer humano, o diferencial estará na capacidade de aprender, conectar conhecimentos de diferentes áreas e testar novas possibilidades.
O ponto central dessas discussões é a substituição da mentalidade de certeza pela de curiosidade. O sucesso não virá de respostas prontas, mas da habilidade de formular boas perguntas e testar soluções inovadoras.
A personalização e a experimentação mostram que o futuro será moldado por experiências mais relevantes e por uma mentalidade aberta ao aprendizado contínuo. Tanto na educação quanto nos negócios, a vantagem competitiva estará na interseção entre dados e empatia, tecnologia e criatividade, planejamento e adaptação.
O SXSW EDU e o SXSW deixaram claro que não basta consumir conteúdo passivamente. Precisamos conectar ideias, testar hipóteses e estar dispostos a aprender sempre. E você, como está se preparando para esse futuro?
Ana Antonio, Head de Produto e Marketing do Edify Education.