
Vivemos um momento de intensas transformações sociais no Brasil e no mundo, e de uma crescente complexidade dos desafios globais que nos convida a repensar valores, práticas e formas de atuação coletiva. Nesse contexto, o fortalecimento das agendas de voluntariado e filantropia deixa de ser uma escolha e se torna uma responsabilidade compartilhada entre os setores público, privado e a sociedade civil. Para que essas iniciativas mantenham e ampliem seu potencial transformador, é essencial reconhecê-las como pilares fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e colaborativa.
As empresas, nesse cenário, assumem um papel central como agentes catalisadores de impacto social em larga escala. Ao promoverem o engajamento voluntário de seus colaboradores e integrarem a cultura filantrópica às suas rotinas, as companhias contribuem de forma concreta para a transformação social. Essa mobilização não apenas gera benefícios diretos às comunidades atendidas, como também fortalece o vínculo com colaboradores e demais stakeholders. O Censo CBVE 2023 — a maior pesquisa sobre voluntariado empresarial no Brasil — revela que 100% dos entrevistados consideram as práticas ESG essenciais para a estratégia dos negócios, apontando como ganhos tangíveis a melhoria do clima organizacional, o fortalecimento do orgulho de pertencimento e o aumento da reputação corporativa.
Isso mostra que o voluntariado empresarial é mais do que uma ação de responsabilidade social; é uma iniciativa inteligente de gestão de pessoas e de desenvolvimento da cultura organizacional. No Brasil, diversas empresas comprovam essa tese. Os programas mais bem sucedidos combinam elementos como escuta ativa das comunidades e voluntários, alinhamento com propósito da marca, descentralização de recursos e atendimento dos desafios sociais contemporâneos, como a crise climática e a promoção da equidade.
Uma das empresas que pode ser usada como exemplo é a Fundação Telefônica Vivo, que já foi destacada no Prêmio Aplaude 2024 – uma das principais iniciativas para reconhecer e valorizar ações de voluntariado promovidas por empresas e organizações que geram impacto positivo e transformador na sociedade. Seu programa de voluntariado se destaca por unir ações presenciais e digitais, ampliando o alcance e a flexibilidade da participação dos colaboradores. O programa possui uma plataforma online que facilita a conexão entre os voluntários e as organizações sociais. E os resultados são inspiradores: só em 2023, mais de 21 mil colaboradores participaram, impactando diretamente milhares de pessoas em projetos de educação, inclusão digital e desenvolvimento comunitário.
Iniciativas como essa mostram como o voluntariado empresarial pode ser estruturado de maneira estratégica, gerando benefícios tanto para a sociedade quanto para as próprias marcas e para os empregados voluntários. Neste momento de atenção, não se trata apenas de fazer mais, mas de fazer diferente: com mais intencionalidade, visão de futuro e corresponsabilidade. O caminho não é simples, mas é promissor. É no perfil colaborativo e plural que reside a potência do voluntariado, da ação social e da atuação empresarial com propósito. E isso não pode se perder.
Escrito por Gislaine Catanzaro, coordenadora da Secretaria Executiva do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE)