Ainda que com controvérsias, a nova versão de Vale Tudo tem um lugar na vida dos noveleiros e noveleiras do país. Com uma trama sobre ética, poder e relações familiares, é uma ótima história. Entre seus personagens principais, está Celina Junqueira, a “Tia” da família Roitman, cuja relação de dependência financeira em relação à irmã Odete, ganhou destaque nos capítulos mais recentes.
Celina é apresentada como uma mulher sensível, generosa, de bom gosto, culta e dedicada aos sobrinhos. Uma mulher de vários dons, mas, como sabemos, de pouco poder. Viúva de um homem rico, ela teve uma vida financeira tranquila, até que sua estabilidade econômica foi progressivamente se perdendo. Acostumada ao conforto de uma vida de luxo, Celina não percebeu a deterioração de sua fortuna até se ver dependente do suporte financeiro da irmã mais velha.
Em vez de assumir o protagonismo sobre sua própria vida financeira, Celina viu aos poucos sua autonomia ser sugada.
Odete Roitman representa não apenas o poder financeiro, mas também o rígido controle emocional e material sobre Celina. Na casa dos Roitman, Odete banca cerca de 60% de todas as despesas e monitora qualquer movimentação significativa dos bens da irmã. O ponto crítico dessa dependência ficou ainda mais evidente quando Celina, ao fazer uma grande movimentação sem o conhecimento da irmã, foi até ameaçada interdição judicial.
A dependência financeira de Celina reverbera em sua autoestima e nas relações familiares. Mais do que submissão econômica, o laço que a prende à irmã carrega sentimentos de humilhação, vergonha e, por vezes, revolta contida.
No caso de Vale Tudo, estamos falando da relação entre duas irmãs, mas este tipo de coisa pode se verificar também entre casais, filhos, filhas, avôs, enfim, em qualquer relação familiar deste tipo.
A trajetória de Celina é marcada pela dificuldade em romper padrões de dependência. Mas, apesar da reação tardia, ela começa a dar sinais de ruptura, incentivada por novas amizades e impulsionada pelo desejo de liberdade.
O papel de Celina ilustra o quanto, para muitas mulheres, a dependência financeira é também um instrumento de controle social, emocional e familiar – e como o rompimento com esse ciclo exige coragem e apoio de redes alternativas a da família de origem.
Independente da classe social, toda mulher tem direito à busca pela sua liberdade. O dinheiro é a ferramenta que se traduz no poder de reescrever narrativas.
Para dar início a um novo ciclo e romper com estes padrões danosos, é preciso, no mínimo, 3 medidas de ordem prática: 1_Entender que só você pode tomar as rédeas da sua vida. E tomar as rédeas da sua vida significa ter poder financeiro para tomar suas próprias decisões. 2_Instrução, educação, conhecimento. Não é tão difícil assim começar, quando você tem um mínimo de saber. 3_Decidir. Talvez esta seja a parte mais difícil. Aquele momento em que você decide por o pezinho para fora da sua zona de acomodação, aceitando que um certo sentimento de incerteza é o preço para algo muito mais recompensador lá na frente: liberdade.
O mundo das finanças e dos investimentos parece muito complicado, e ele será mesmo, se você acha que precisa saber tudo. Você não precisa saber tudo; precisa saber o suficiente para começar. Porque, com o passar do tempo, ver os resultados lhe trará autoconfiança. E além de acumular riqueza, você vai também acumular conhecimento. Um processo que se retroalimenta e te fortalece. Comece. Comece pequeno, com coisas fáceis de entender e você vai ver que já não estará no mesmo lugar.
Texto por Gal Barradas, Diretora de Growth e Marketing da Rio Bravo Investimentos.